Circadiano
Nas aldeias,
recolhem-se quando anoitece, em noites de verão.
as alfaias que guardam logo ali, pelo feno, já as usaram os avós.
Abatem uma árvore que sombreia a horta
e as restantes conhecem-nas sem nelas pensarem.
Uma cepa sem trato e descuidada, parece mal.
Os campos de milho depois de cortados são campos de estrepes, afiadas pelo metal.
O vinho conta-se em almudes, e o grão em caixas de castanho.
Quando era menino via a senhora Maria amassar o pão nessas mesmas caixas, na cozinha velha da casa antiga.
E o senhor Cipriano, já centenário, passava de charrete.
Agora, um ministro de boné passeia-se no seu tractor de recreio, e as pessoas da aldeia guardam o silêncio de mudez nada surda.
Eu, que tenho demasiadas gerações de cidade, falo um pouco mais. pouco mais.
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9 comentários:
Em casa da minha avó era a Marta quem amassava o pão de milho e a Otávia quem mantinha o fogão aceso. A minha avó, a mãe do meu pai era da casa do Maceiro.
E onde é essa tua aldeia?
o lugar da Casa nem aldeia é. é o lugar de Bouçó.
O Casario que se vai espraiando mais além, Santo Adrião.
Sou do Porto, Minhoto de tradição, viajante Douriense por contágio.
um pouco que chega ao Tanto!
.
beijo. ainda quase sem ser a primavera....:)))
minhoto por tradição? e quem vem de lá? é que eu sou-o de gema!
:)
esta imensa geleira destes dias...
também serei minhoto, mas não como Pascoaes os descrevia: "a cheirarem às ervas dos lameiros e com algum Santo na famíla."
;-)
brinda-nos com mais sussurros, vá lá.....
eu dizia sussurros aqui!
iludem-me os sussuros, Lou.
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