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Vi-o pela primeira vez de forma inesperada, no sofá da sala das horas tardias e já sem tempo, e não mais o larguei. Já havia visto Lynch, mas não de forma tão tangível, como se me cruzara com aquelas personagens em cantos do pensamento que é sonho de liberdade. e havia uma mulher que vestia apenas a sensualidade.
Encontrei-o de novo no Spazio Oberdan, no ano em que passei mais tempo na rua que debaixo de quatro águas. Desta vez com a inclusão da curta que havia integrado a apresentação em Cannes. assisti, full screen, ao ritual preciso de acender um cigarro.
Dizia à pouco que não acreditava em coicidências, meras abstrações lógicas plantadas pela superstição, mas recordei-o novamente depois do acidente do carro para a sucata: libertadas as pernas dos plásticos e sem um aranhão como me acontece, procurava, interessavam-me unicamente as chaves de casa.
Wild at heart é um dos meus filmes indissociáveis e vou-o encontrando numa curva, na febre de um quarto, a alumiar um cigarro.